terça-feira, 13 de maio de 2014

Enganos



Enganos


Meus olhos não me veem, preciso espelhos 
Espelhos refletem imagens não verdadeiras
Dependem dos cristais e cristalinos

Ora me devolvem bem mais cheia,
ora emagrecem a silhueta
ora dão-me marcas em profundeza
ora mostram plástica passageira

Fica a dúvida da beleza que ora falam
se gerada pelos olhos, em sinceridade
se mostrada por bajulo, sem verdade

Então volto a atenção a outros dotes 
invisíveis aos espelhos e aos olhos
e neles me encontro por inteira.

Bilá Bernardes

3 comentários:

  1. Gostei muito Bilá, especialmente do espelho interno.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Catarina! Sempre presente com comentários e incentivos.

    ResponderExcluir
  3. Recebi por email:
    "O título já revela o conteúdo do poema.
    Empregando conjunções alternativas, a artista mostra, sutilmente, a alternância de imagens refletidas pelo espelho. Imagens que refletem, antes, quem sabe, a interioridade, a auto-estima de quem se contempla, nem tanto dependendo dos cristais e cristalinos.

    Os cristais deixam dúvida, e a poeta busca nos cristalinos, uma ideia de como
    seja a sua imagem. Porém ela questiona a sinceridade ou falsidade destes. E tais como a do
    espelho a imagem não lhe aparece convincente.

    A autenticidade de sua imagem não se confirma e a escritora busca em si, o que é essencial, o que é invisível aos olhos. valores que não dependem nem de cristais ou cristalinos. Aí ela se
    encontra, acredita, fica...

    Maria Angélica, gosto muito de seus poemas, seu estilo, sua cosmovisão... É uma artista com
    todas a letras. Parabéns! Sua sensibilidade nos encanta!
    Mas eu quero falar deste poema. Este mexeu comigo de um jeito!...
    Você me mostra um caminho, onde há autenticidade, verdade, quietude, calma...
    Obrigada pela lição de vida tão sincera!
    Didi"

    ResponderExcluir